Hoje 29










Hoje acordei. Abri a janela do tempo e lá encontrei o significado da vida. Vi o sol com sua energia cósmica aquecer as plantas, as árvores, os pássaros e todas as formas de vida, inclusive o meu âmago.
Vi todos os tipos de movimentos diários se debaterem às regras do tempo; onde o puro pensamento que alimento só oferecia a certeza do misterioso contentamento: um ensinamento indecifrável que se combina com o puro viver em direção à certeza do não querer o que não se deve ter.
E então fui adiante... Vi o sorriso nascer. Vi a criança correr. Vi tudo que pode acontecer. Vi o presente, onde estou contente. Vi o passado, onde fui felicidade. Vi o futuro, onde poderei ser o que sempre quis: Eu, sendo você. Buscas de vontades, buscas de um ser querendo ser somente o que é. Vi que a vida não é o que imaginamos que ela seja. Ela é tempero. É desespero de alegria e de tristeza. Ela é sorriso brando que se estampa na mais pura serenidade de um ser.
É o fruto da nossa imaginação. Ela é o momento bem próximo que estamos vivenciando e não imaginamos tê-lo. É a música que ouvimos, independentemente da imposição que a mídia faz. Ela é o dia em que vivemos intensamente. Ela é mania que chega e passa de repente. Ela é noite que conforta os sonhos. É o sossego dos murmúrios dos amantes, mas também é o assombro das nossas tensões e preocupações não resolvidas. É o assobio da coruja. É o beco dos bêbados e daquelas possuídas pelo o ódio, pela bebida, pelo amor e pelos desejos não correspondidos.
Mas também vi a luta dos oprimidos, espremidos pelos erros daqueles que têm medo, se protegem, se isolam e se distanciam de todos, achando que são diferentes, são imponentes pela contemplação da sorte, da riqueza material e das oportunidades gratuitas, que muitos não têm ou os que detêm não as oferecem de forma humanista.
Foi assim que resolvi, de forma inesperada, atender ao instinto impulsionador, de um cantor, de um poeta ou de um sonhador. Do jeito que sou. Fui ao seu encontro e vesti a roupa da felicidade. Comecei observando ao meu redor. Vi todos e para eles sorri. Corri à procura da natureza. Comecei ouvindo os cantos dos pássaros, logo cedinho, sem decifrar quais espécies seriam. Não tinham sexo. Eram melodias inspiradoras que tocavam a minha alma, que me acalmavam e flutuava a áurea da minha sabedoria inquietante, fonte do nascedouro destas simples linhas que aqui retrato, a mais pura emoção que hoje traço e trago neste espaço tão especial que se tornará lindo ao ser lido.
Era um canto só. Uma sinfonia organizada, sem qualquer maestro. Era a pura beleza de uma realeza natural. Depois cresci de forma exagerada. Era menino a adulto ao mesmo tempo e o tempo me dizia que o instante era assustador, arrebatador, era o momento mais importante e marcante neste mágico acontecimento que será sempre inesgotável ao infinito da minha procura. E ele está tão próximo e nem sequer nos damos conta. E ele veio, porque fui buscá-lo.
E aí se fez, desta vez mais simples. Corri ao acontecimento. Fiz o momento nascer. Fiz o momento renascer. Fiz a planta florescer ao retirar as daninhas do seu redor. Fiz o cheiro de mato acontecer, revolvendo e revivendo a alegria do plantador, que durante o ano clama e reclama o advento da chuva. Mas em mim choveu a felicidade de tudo que ali estava ocorrendo. Eu, vendo o que nunca vira, mas que sempre quis que assim fosse. Algo admissível às minhas ansiedades, quando numa longínqua cidade foi deixada uma criança cheia de sonhos e que hoje mora em outro local, onde as mais cruas realidades envolvem os desfavorecidos que lutam contra as diferenças sociais e econômicas gritantes aos olhos deste modelo social.
E assim fiquei triste. Amadureci e envelheci, porque inerte não pude resolver estes problemas. Mas neste cantinho de página tenho a esperança de encontrar, não só em mim, mas também em você a esperança de fazer este momento transformar e acontecer um mundo melhor: cheio de paz, de alegria e de tudo que esperamos ao dia nascer.